USO INDEVIDO DO ÁLCOOL NA ADOLESCÊNCIA: PESQUISA COM ESTUDANTES DE UMA ESCOLA PÚBLICA DE CRUZ ALTA/RS

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1 USO INDEVIDO DO ÁLCOOL NA ADOLESCÊNCIA: PESQUISA COM ESTUDANTES DE UMA ESCOLA PÚBLICA DE CRUZ ALTA/RS Álcool abuse during adolescence:research with students oficial a public School in Cruz Alta/RS RESUMO SILVEIRA, Nathália Arnoldi¹; DOS ANJOS, Mylena Stefany Silva²; VEIGA, Alana Martins Da; CARVALHO, Themis Goretti Moreira Leal³ O álcool é a substância psicotrópica considerada droga ilegal mais utilizada por adolescentes no Brasil e no mundo. Seu consumo nesse grupo é preocupante, tanto pela maior tendência à impulsividade e atividades de risco, nessa fase da vida, quanto pelo prejuízo ao desenvolvimento cerebral na infância e na adolescência, determinando repercussões durante a vida adulta. Assim, buscou-se identificar a realidade vivida pelos adolescentes e as consequências acarretadas devido ao uso precoce dessa substância. Foi realizado um estudo exploratório e descritivo, com alunos do Ensino Médio e Técnico Profissionalizante, matriculados no ano de 2018 que fazem o uso dessa substancia, ou já tiveram contato durante a adolescência. De 358 entrevistados, 31% (nº:111) consomem bebidas alcoólicas e 35% (nº:126) dos adolescentes começaram a beber por volta dos anos. O álcool na adolescência é uma realidade, sendo necessárias ações preventivas e de conscientização, apoio familiar, dos serviços de saúde, educação e assistência social. Palavras-chave: Álcool. Adolescência. Consumo indevido. Adolescentes. ABSTRACT Alcohol is the psychotropic substance considered illegal drug most used by adolescents in Brazil and in the world. Its consumption in this group is worrisome, both due to the greater tendency to impulsivity and risk activities in this phase of life, as well as to the impairment of cerebral development in childhood and adolescence, determining repercussions during adult life. Thus, it was sought to identify the reality lived by the adolescents and the consequences caused due to the early use of this substance. An exploratory and descriptive study was carried out with high school and vocational students enrolled in the year 2018 who use this substance or who had contact during adolescence. Of the 358 interviewees, 31% (nº: 111) consume alcoholic beverages and 35% (nº: 126) of the adolescents began drinking at around years. Alcohol in adolescence is a reality, requiring preventive actions and awareness, family support, health services, education and social assistance Keywords: Alcohol. Adolescence. Misappropriation. Adolescents. 1 INTRODUÇÃO O uso do álcool é cultural, sendo permitido em quase todas as sociedades do mundo, e as consequências do uso inadequado e exagerado afetam a população de maior risco para o consumo: os adolescentes e adultos jovens. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o consumo nocivo/abusivo do álcool é cada vez mais visível entre adolescentes e, apontou este, como o maior responsável

2 por mortes de brasileiros com faixa etária entre 15 e 19 anos, seja em acidentes ou por paradas cardíacas. Os adolescentes iniciam o uso de bebidas cada vez mais cedo, uso este, de forma muitas vezes abusiva. Cabe destacar que, independente da quantidade consumida, o uso do álcool por adolescentes está associado apenas a consequências negativas. O Alcoolismo define-se pelo hábito de ingerir em excesso bebidas alcoólicas, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS, 2011). Este forte hábito traz uma série de implicações no cotidiano de quem a consome. O consumo de álcool está sendo cada vez mais precoce. O álcool é uma das poucas drogas psicotrópicas que tem seu consumo admitido, sendo até mesmo incentivado pela sociedade, mesmo com o risco de provocar e/ou desenvolver dependência (SILVEIRA, 2011). Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), um levantamento divulgado no fim de agosto, concluiu que mais da metade dos alunos do 9º ano já experimentaram bebida alcoólica. O número equivale a 1,5 milhões de adolescentes de 13 ou 14 anos. Constitui-se um tema naturalmente controverso no meio social e acadêmico brasileiro, o uso de álcool entre a população adolescente. Ao mesmo tempo em que a lei brasileira define como proibida a venda de bebidas alcoólicas para menores de 17 e 18 isso ainda é uma prática comum pelos jovens, seja no ambiente domiciliar, em festas, ou mesmo em ambientes públicos. Isso demonstra que a sociedade como um todo adota atitudes paradoxais frente o alcoolismo e o adolescente. Por um lado, condena o abuso de álcool pelos jovens, mas é permissiva ao estimular o consumo de bebidas alcoólicas por meio de propagandas (PECHANSKY; SZOBOT; SCIVOLETTO, 2004). As bebidas alcoólicas sempre estiveram presentes na história da humanidade, entretanto, foi a partir da produção industrial em larga escala que surgiram os problemas relacionados ao uso abusivo. Esses resultados evidenciam a magnitude dos riscos dessa prática, assim como a influência no estilo de vida de adolescentes, que têm como modelos de identificação os adultos do convívio cotidiano. A adolescência é considerada a fase da vida de maior vulnerabilidade e exposição ao uso das substâncias psicoativas legais (LARANJEIRA, 2007). Desta forma, o objetivo do presente trabalho foi identificar o uso indevido do álcool na adolescência, o conhecimento sobre os malefícios que ele ocasiona e a história do uso de forma inadequada por alunos do Instituto Estadual de Educação Professor Annes Dias, localizado na cidade de Cruz Alta/RS. 473

3 2 METODOLOGIA A pesquisa é um estudo exploratório e descritivo, que foi realizado com alunos de ambos os gêneros sobre o conhecimento do uso de álcool de forma abusiva na adolescência, uso de forma continua ou se já teve contato com o álcool, frequentadores do Ensino Médio e Técnico Profissionalizante (Enfermagem, Secretariado, Contabilidade e Administração) do IEE Professor Annes Dias, matriculados no presente ano, totalizando 358 alunos. Figura 1 - Aplicação do questionário A coleta de dados foi realizada através da aplicação de um questionário, elaborado pelos autores, e validado por profissionais da área, aplicado de forma individual em sala de aula. Nele constavam questões sobre a freqüência do consumo de bebidas alcoólicas, se possui algum familiar alcoolista, se, em algum momento, teve sentimentos de culpa e percebeu que não conseguia para de beber, se já foi ferido por alguém ou feriu-se por causa do álcool e, também, se conhece os malefícios que o álcool trás à saúde. A análise dos dados foi realizada sob a forma de percentuais, utilizando-se o software estatístico Microsoft Excel. Não houve risco à saúde física ou psicológica dos participantes da pesquisa e, a fim de manter a confidencialidade das informações, os questionários não continham nomes. 474

4 Figura 2: Equipe Pesquisadora 3 RESULTADOS E DISCUSSÕES A pesquisa teve uma amostra total de 358 alunos entre eles houve uma predominância do sexo feminino (64% - nº 230) e os outros 35% (nº:127), portanto, do sexo masculino. A maioria dos entrevistados era do 2ª ano do ensino médio (29,6% - nº:106). A maioria dos adolescentes, o equivalente a 35% (nº:126) tiveram seu primeiro contato com o álcool entre anos. Na fase da adolescência a curiosidade é um dos fatores de maior influencia na experimentação de substancias psicoativa, o que estimula a experimentar novos prazeres e sensações. Quando o jovem vive essa experimentação ele busca realizações imediatas e os efeitos da droga vão ao encontro de um prazer passivo e imediato (SCIVOLLETO; GIUSTI, 2007). Em relação à frequência do consumo de bebidas alcoólicas, 41% (nº: 147) nunca consumiram, 31% (nº:111) consome uma vez por mês e 17% (nº:62) consome de duas a quatro vezes por mês. O número de pessoas que fazem uso dessa droga está ficando cada vez mais alto, isso explica a proximidade em porcentagem referente às pessoas que nunca consumiram bebidas alcoólicas. O Alcoolismo define-se pelo hábito de ingerir, em excesso, bebidas alcoólicas, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS, 2011). Este forte hábito traz uma série de implicações no cotidiano de quem a consome. 475

5 Quando questionados ao sentimento de culpa por ter bebido, a maioria (85% - nº: 306) diz nunca ter sentido e 6% (nº: 23) diz sentir pelo menos uma vez por mês. Isso se explica ao fato se estarem em uma fase de aprendizagem cognitiva, emocional e social, como, por exemplo, a sensação juvenil de onipotência, o desafio à estrutura familiar e social, a curiosidade, a impulsividade, a pressão e a aceitação pelos seus pares e a busca de novas experiências. Com relação à frequência em que percebeu que não conseguia parar de beber, 90% (nº: 323) nunca tiveram essa percepção, 3% (nº:14) menos de uma vez por mês. 82% (nº: 295) dos adolescentes lembraram o que aconteceu na noite anterior, após a ingestão de bebidas alcoólicas, 9% (nº:34) apontam que, em pelo menos uma vez por mês, não se lembra do que aconteceu após beber. Com relação a agressões, 84% (nº:303) nunca foi ferido ou feriu-se por causa de bebidas alcoólicas, sendo que 10% (nº:38) foi ferido ou feriu-se a mais de doze meses e 3% (nº:13) aconteceu nos últimos doze meses. O uso de bebidas alcoólicas por menores de idade está relacionado ao maior número de óbitos de jovens do que todas as drogas ilegais somadas. Outro fator são os acidentes de trânsito, são a maior causa de morte entre jovens de 15 a 20 anos. Os adolescentes já correm risco maior desse tipo de problema devido à falta de experiência na condução de um automóvel, considerando que associado ao álcool às chances de acontecer um incidente se multiplica. Segundo Silveira (2011) quando o álcool é consumido abusivamente, acarreta inúmeras consequências negativas para a saúde da população, pois se trata de um dos principais fatores de risco para o desencadeamento de doenças, ocorrência de acidentes de trânsito e homicídios, os quais representam a maior causa de morte entre jovens. Referente ao conhecimento dos malefícios do álcool, 78% (nº:280) conhece os danos que o álcool causa e se preocupa, 16% (nº:58) tem conhecimento e não se preocupa com os malefícios que a droga causa, 5% (nº:17) não tem conhecimento. Silveira (2011) destaca que o grande número de problemas decorrentes ao uso do álcool inicia-se nas fases inicias da vida, ou seja, se um adolescente começar a ingerir desde cedo o álcool possivelmente será um adulto com problemas relacionados a este consumo. O uso frequente do álcool torna-se um fator de risco para o consumo de outras drogas licitas e ilícitas. 4 CONCLUSÃO A adolescência é a fase da vida que apresenta os maiores riscos em relação ao uso abusivo do álcool. Estes passam a viver e a achar-se em um mundo de descobertas e de 476

6 experiência, em muitos casos errantes, assim como é o caso de inúmeros adolescentes envolvidos no mundo do alcoolismo. o desenvolvimento desse projeto pode-se certificar que a maioria dos adolescentes consome bebidas alcoólicas e a incidência de idades que eles começam a beber é em torno de anos, sou seja, não tem muita consciência que isso pode trazer para o futuro. Os adolescentes nessa faixa etária são vulneráveis, e para que isso não se torne um problema frequente, maiores ações preventivas e de conscientização deveriam ser desenvolvidas em Escolas de Educação Básica, visando trabalhar com estes adolescentes sobre o problema recorrente ao uso abusivo do álcool, além do apoio familiar, os serviços de saúde, educação e assistência social precisam envolver-se para garantir que a adolescente possa dar continuidade no seu processo de formação social e pessoal. REFERÊNCIAS LARANJEIRA, Ronaldo et al. I levantamento nacional sobre os padrões de consumo de álcool na população brasileira. Brasília: Secretaria Nacional Antidrogas, v. 70, LARANJEIRA, Ronaldo Ramos. Alcoolismo na Adolescência Disponível em: < > OMS. Organização Mundial da Saúde. Brasileiros têm 4º maior consumo de álcool das Américas, diz OMS [Internet]. São Paulo: G1, 2011 fev 12; Ciência e Saúde. Disponível em: OMS. Organização Mundial da Saúde. Brasileiros têm 4º maior consumo de álcool das Américas, diz OMS [Internet]. São Paulo: G1, 2011 fev 12; Ciência e Saúde. Disponível em: < PECHANSKY, F.; SZOBOT, C. M.; SCIVOLETTO, S. Uso de álcool entre adolescentes: conceitos, características epidemiológicas e fatores etiopatogênicos. Revista Brasileira de Psiquiatria, v. 26, p , Relatório Global sobre Álcool e Saúde Disponível em: 477

7 SCIVOLLETO, S.; GIUSTI, J. S. Fatores Protetores e de risco associado ao uso de drogas na adolescência Disponível em: < > SILVEIRA, Camila Magalhães. Padrões de Consumo do álcool na população brasileira. Prevenção ao uso indevido de drogas: Capacitação para Conselheiros e Lideranças Comunitárias, v. 4,