PROGRAMA MELHOR EM CASA E A RESPONSABILIZAÇÃO DE FAMÍLIAS NO CUIDAR
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1 PROGRAMA MELHOR EM CASA E A RESPONSABILIZAÇÃO DE FAMÍLIAS NO CUIDAR Larissa Fernandes Telles (Acadêmica do 3 ano de Serviço Social), Suellen Mota Oliveira (Acadêmica do 3 de Serviço Social), Marília Dal Bello (Orientadora) madalbello@hotmail.com Universidade Estadual do Paraná/Departamento de Serviço Social/Paranavaí- PR. Área e Subárea de acordo com a CNPQ: Ciências Sociais Aplicadas e Serviço Social. Palavras-chave: Internamento Domiciliar, Health Home Care, Atenção Domiciliária. Resumo O serviço de atenção domiciliar Programa Melhor em Casa é recente no Brasil e trouxe muitas melhorias para os pacientes que podem com ele, ter os tratamentos de que necessitam no âmbito de seu lar. Entretanto, preciso é destacar que, com esse programa, o Estado passa a ter menor responsabilidade na atenção com os pacientes, pois nesse contexto de desospitalização à família é delegada responsabilidades no cuidado com as pessoas acamadas. Para tanto estabeleceu-se como metodologia estudo bibliográfico e também em legislações que regem o Programa Melhor em Casa. Introdução O serviço de atenção domiciliar Programa Melhor em Casa é um programa do governo federal que tem como objetivo a ampliação do atendimento domiciliar do Sistema Único de Saúde (SUS), tendo como foco levar o atendimento médico às casas de pessoas com necessidade de reabilitação motora, idosos, pacientes crônicos sem agravamento ou em situação pós-cirúrgica. A atenção domiciliária baseia-se nos princípios do SUS, como a integralidade, a universalidade e a equidade. No sistema piramidal ou hierarquizado em atenção primária, secundária e terciária, do SUS a atenção domiciliar, situa-se na Atenção Primária/ Básica. Sendo assim, compete as Unidades Básicas de Saúde UBS, unidades ambulatoriais especializadas, serviços de atenção domiciliar, centros de apoio psicossocial, hospitais, entre outros. O pioneiro desse sistema de atenção domiciliária no Brasil foi o Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo nos anos de 1967, em que
2 o objetivo era o de esvaziar o máximo possível de leitos que estavam a ser ocupados e por assim evitar a aglomeração no hospital. No Brasil usam-se termos genéricos do que na língua inglesa é denominado de home health care e pode ser usado aqui como: assistência domiciliar, internação domiciliar, atendimento domiciliar. Os principais objetivos desse sistema é que com ele o paciente possa ter uma melhora com maior rapidez em seu quadro clínico. Sendo assim o paciente, ao não estar internado no hospital e sim, em seu lar, ele tem a possibilidade de ter uma diminuição nos riscos de infecções decorrentes do tempo de permanecia nos hospitais. Para os hospitais os principais benefícios são o da otimização dos leitos para os pacientes que deles necessitem mais, e assim, a diminuição dos custos por dia de internação, já que os pacientes ficam por todo esse processo em seus domicílios. O programa melhor em casa, foi lançado no dia 08 (oito) de novembro de 2011 (dois mil e onze) e o primeiro município a ser contemplado com ele foi o de Sapucaia do Sul RS. No município de Paranavaí foi implementado em julho de 2014, sendo este o quarto munícipio a ter o Programa Melhor em Casa no estado do Paraná. Este Programa não é um serviço de atendimento de urgência/ emergência, visto que qualquer agravamento no quadro clínico dos pacientes fora dos horários da jornada de trabalho da equipe deverão ser comunicados para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência SAMU. Os recursos humanos do Programa contam com uma equipe multiprofissional de atendimento domiciliar (EMAD) e equipe multiprofissional de apoio (EMAP). A primeira é formada por: médicos enfermeiros, técnicos de enfermagem e fisioterapeutas. A segunda por: assistente social, fonoaudióloga, nutricionista, odontólogo, psicólogo, farmacêutico e terapeuta ocupacional. No município de Paranavaí a equipe multiprofissional do Programa Melhor em Casa conta com: (01) médico, (01) enfermeiro, (03) técnico em enfermagem e (01) assistente social. Materiais e métodos O presente trabalho norteia-se em pesquisa qualitativa. Para isto realizou-se pesquisa bibliográfica e documental, ainda com pesquisa exploratória, partindo da realidade do campo de estágio. Resultados e Discussão O primeiro e principal critério para a inclusão do paciente no Programa Melhor em Casa é a sua escolha de aceitação para tal, quando o paciente não pode decidir por si, o seu cuidador é que se responsabiliza por todo o processo, e assina todos os termos de compromisso em seu nome. E, que, mesmo quando tem discernimento de seu estado de saúde e de suas condições clínicas, o paciente precisa que um cuidador esteja sempre com ele em tempo integral, caso contrário não poderá ser incluído no AD.
3 Na maioria das vezes o cuidador é alguém da família, geralmente de parentesco de primeiro grau, e que ao aceitar os critérios pelo Programa e assinar a autorização para a desospitalização, o cuidador é quem passa a ficar responsável por todos os cuidados com o paciente. Ao assumir essa responsabilidade o cuidador estará ciente de que passará a ter funções e cuidados. Ele terá que ajudar em cuidados de higiene pessoal, como a manutenção do corte de cabelo, das unhas, da barba, de dar banho parcial ou completo, terá de ajudar ou fazer a higiene oral e intima. Precisa estimular e ajudar na alimentação e em atividades rotineiras como ajuda-lo a sair da cama, da mesa, da cadeira, e a voltar. Ajudar na locomoção das atividades físicas apoiadas (andar, tomar sol, movimentar as articulações); participar no tratamento diretamente observado (TDO). É muito importante que passe a fazer mudança de decúbito e massagem de conforto, o que evita feridas (como a ulceração) que é ocasionada quando passa a ficar muito tempo na mesma posição. E que sempre possa servir de elo entre o usuário, a família e a equipe de saúde do Programa Melhor em Casa. O cuidador necessitará dar medicações ao paciente, exceto em vias parenteais, conforme prescrição, e comunicar à equipe de saúde as intercorrências; encaminhar solução quando do agravamento do quadro, conforme orientação da equipe; dar suporte psicológico ao paciente em AD. E que de acordo com o Art. 27 da Portaria nº 963 de 2013 que redefine a AD no âmbito do SUS: O descumprimento dos acordos assistenciais entre a equipe multiprofissional avaliadora e o usuário e familiares ou cuidadores poderá acarretar na exclusão do usuário do SAD, com garantia de continuidade do atendimento ao usuário em outro serviço adequado ao seu caso. O cuidador tem uma função de extrema complexidade, pois ele encontra-se numa situação de que precisa estar responsável por todo e qualquer cuidado que o quadro clínico do paciente exigir, mas que nunca teve um preparo para exercer tal demanda. No entanto, conforme o artigo 196 da Constituição Federal de 1988: A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para a promoção, proteção e recuperação. E também sendo complementado pela lei 8.080/90 no artigo 2º A saúde é um direito fundamental do ser humano, devendo o Estado prover as condições indispensáveis ao seu pleno exercício.
4 A família além de realizar todas as tarefas no seu cotidiano passa a ter uma atribuição a mais, e em nível mais complexo, ao ter que cuidar em tempo integral de um ser humano debilitado que precisa de atenção. O que certamente para o cuidador o fator psicológico passa a ser mais difícil do que as funções físicas que precisa dedicar para o paciente. Fica ainda mais sobrecarregado em seu dia a dia. É o seu familiar que se encontra em estado debilitado e que todo o socorro terá a ele que fornecer, a sua aflição ao presenciar de forma constante a doença. O Estado tem o dever de prestar os serviços aos pacientes que estão em internamento domiciliar como prevê a lei orgânica da saúde, 8.080/90, no artido 19-I 1 o : Na modalidade de assistência de atendimento e internação domiciliares incluem-se, principalmente, os procedimentos médicos, de enfermagem, fisioterapêuticos, psicológicos e de assistência social, entre outros necessários ao cuidado integral dos pacientes em seu domicílio. No Programa Melhor em Casa o horário de funcionamento é das 7h às 19h, em que o paciente terá os serviços prestados em seu domícilio, quando necessário. Em horários que não sejam os da jornada de trabalho dos profissionais, todos os cuidados devem ficar com o cuidador, mediante agravo ao estado de saúde do paciente quem deverá ser chamado é o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência, SAMU. Conclusões O presente trabalho levantou algumas questões como a humanização que o serviço de atendimento e acompanhamento consegue proporcionar aos pacientes, e que com as condições adequadas consegue fazer um maior contato deles com seus familiares no âmbito de seus lares. E que com isso a sua recuperação terá maiores efeitos e em tempo mais curto. Mas que para o Estado é de grande benefício na redução dos custos que a internação exige, e que ele tem cada vez menor responsabilidade por seus cidadãos. E que no sistema de atenção domiciliar ele deixa a família totalmente responsável, além de que ao considerar a sobrecarga de tarefas que são atribuídas para as famílias/ cuidadores desses pacientes, nota-se que não tiveram um maior suporte do Estado para atuar em todo esse processo Referências CUNHA, Marcia Cristina Bauer et al. Assistência à Saúde (Home Health Care): sua Historia e sua relevância para o Sistema de Saúde Atual. Disponível em:
5 m%20rn%2009% pdf. Acesso em: 30 de setembro de SAÚDE Portal. Atenção Domiciliar no Âmbito do SUS (Programa Melhor em Casa). Disponível em: Acesso em: 30 de setembro de SILVA, Kênia Lara et al. Internação Domiciliar no Sistema Único de Saúde. Disponível em: Acesso em: 01 de outubro de BRASIL. Portaria nº 963/2013. Disponível em: Acesso em: 01 de outubro de BRASIL. Caderno de Atenção Domiciliar Programa Melhor em Casa. Disponível em: Acesso em: 01 de outubro de 2014.
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