O PAPEL DO PROFESSOR NA CONSTRUÇÃO DE SALAS DE AULA INTERATIVAS NO ENSINO PRESENCAL E EM EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA

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1 O PAPEL DO PROFESSOR NA CONSTRUÇÃO DE SALAS DE AULA INTERATIVAS NO ENSINO PRESENCAL E EM EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA Mariana Peão Lorenzin CEETEPS ETEC Parque da Juventude/Colégio Bandeirantes mariana.lorenzin@gmail.com Aglaè Cecilia Toledo Porto Alves PUCSP/ SEESP aglaeportoalves@gmail.com Modalidade: Comunicação Oral Eixo Temático: 4. Formação de Educadores Palavras-chave: Interatividade; Ensino Presencial; Educação à Distância. Keywords: Interactivity; Present learning; Virtual learning. 1. INTRODUÇÃO As Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) impuseram um novo paradigma tecnológico na sociedade contemporânea, modificando as práticas sociais e, entre estas, as práticas educativas. No novo contexto, é preciso considerar as potencialidades das ferramentas tecnológicas na sala de aula presencial e nos ambientes 1

2 virtuais de aprendizagem como modificadoras das ações tradicionais vivenciadas, desde que sustentadas por uma concepção de aprendizagem que objetive a troca livre e criativa de informações, considere o outro, além de superar a simples transmissão de conhecimento. A inclusão das TICs na sala de aula presencial e nos ambientes virtuais de aprendizagem (AVA) apresenta-se como fator a favor da construção de ambientes colaborativos, do desenvolvimento da autonomia e da produção de cultura. No entanto, é fundamental reconhecer que a simples inclusão das tecnologias não garante as transformações. A interatividade pode ser tida como um elemento estruturador da prática docente ao superar a unidirecionalidade da informação concreta e estável, para permitir a constituição de um ambiente colaborativo e confiante que favoreça a expressão individual da subjetividade e a formação da autonomia. Assim, para que a Educação cumpra o seu papel social, torna-se necessário ressignificar o papel de alunos e professores para que, diante da perspectiva interativa, a aprendizagem e o processo de formação básica e profissional se tornem, de fato, significativos. 2. REFERENCIAL TEÓRICO A sociedade pós moderna revela a transição do modelo de gestão industrial para a gestão da informação, transformada pelas TICs e caracterizada por mudanças rápidas e constantes, além de novas formas de conhecer, comunicar e integrar o humano, o tecnológico, o individual e o social; o que impõe também transformações nas práticas educativas. Nesse sentido, Mauri e Onrubia (2010) defendem que a apropriação das TICs no processo de ensino e aprendizagem exige uma nova cultura sobre o aprender. Para Moran (2003), que entende a mudança por meio da comunicação, a educação escolar precisa compreender e incorporar as novas linguagens e dominar as possibilidades de expressão, uma vez que, conhecer passa a ser a compreensão das diferentes dimensões 2

3 da realidade. Considerando o conhecimento de modo interdependente e interligado, a interatividade, no sentido de interação e entendida como um processo de comunicação livre e plural, com intervenções múltiplas e multidirecionais na mensagem, apresenta-se como uma possibilidade para construção do conhecimento de forma colaborativa e com sentidos compartilhados. Silva (2002) ressalta que a interatividade como perspectiva de mudança na comunicação e nas relações humanas permite superar a lógica da distribuição de informações. Embora possa ser considerada inerente às tecnologias, Almeida (2009) ressalta que a interatividade, apesar de potencializar a criatividade, expressão do pensamento e a colaboração, não é suficiente para garantir qualidade à educação. Nessa perspectiva, Masetto (2003) ainda relembra que a tecnologia possui um valor relativo e que não se justifica por si mesma, mas pelos objetivos que se pretenda que esta alcance. Com a presença das TICs na educação e as novas formas de relação com a informação, Coll (2001) discute a produção de conhecimento como o resultado de relações interativas entre o professor, os alunos, o conteúdo e o contexto. Para Mauri e Onrubia (2010, p. 124) essa concepção sobre a construção de conhecimento surge da mudança de paradigma sobre a relação entre este e a aprendizagem, como processos individuais para processos sociais e situados na atividade conjunta entre pessoas em comunidades de prática. Diante disso e considerando a interatividade como demanda da sociedade contemporânea que exige a transformação das práticas tradicionais, é necessário investigar e repensar o papel do professor na construção de salas de aula interativas e sobre a própria prática e as relações interpessoais no ensino presencial e nos ambientes virtuais. 3. METODOLOGIA A análise do papel do professor na construção salas de aula interativas no ensino presencial e nos AVA foi realizada por meio da identificação da concepção de 3

4 interatividade e de seus elementos representativos em questionários, com perguntas abertas, aplicados a 21 alunos das TEC salas dos Cursos Técnicos semipresenciais em Administração, Gestão de Pequenas Empresas, Secretariado e Assessoria, da Etec Parque da Juventude, e, 03 professores destas turmas. Os questionários continham um breve perfil do entrevistado e questões sobre o conceito de interatividade, a percepção desta no ensino presencial e nos AVA, e o papel de alunos e professores na construção de salas de aula interativas. Para os professores as perguntas abordavam, também, a importância da interatividade para a o planejamento das aulas, estratégias para favorecer a sua ocorrência no ensino presencial e em Educação à Distância (EaD), exemplos de interatividade, elementos que podem favorecer, estabelecer e aumentá-la nas salas de aula e no ambiente virtual e, o papel de alunos e professor na construção de salas de aula interativas. Os dados obtidos foram organizados em categorias e a análise foi conduzida partindo do conceito de interatividade adotado por este trabalho, por meio de recortes das respostas aos questionários. As perguntas comuns dos questionários de alunos e professores, como aquelas que abordaram o conceito de interatividade, a presença desta no ensino presencial e em EaD, exemplos práticos e o papel do aluno e professor, foram analisadas conjuntamente sem a distinção entre os atores do processo, buscando a horizontalização das relações em sala de aula. 4. RESULTADOS A análise dos questionários aplicados a alunos e professores dos cursos semipresenciais da Etec demonstrou que a interatividade pressupõe uma forma de comunicação que facilita a troca de informações e conhecimento entre pessoas nas situações de aprendizagem. A maioria das respostas (52%) referiu-se à interatividade mediada pelas 4

5 ferramentas da tecnologia, e, algumas destas ainda apresentaram a comunicação bidirecional como condição interativa que favorece a construção colaborativa do conhecimento. Não foram encontradas referências ao caráter multidirecional desta comunicação, considerado na releitura do conceito como a característica mais adequada à sociedade contemporânea, por permitir as múltiplas mediações e mudanças no papel de cada agente da comunicação em diferentes situações. Os alunos relatam que a sala de aula presencial apresenta mudanças com relação à reprodução das experiências tradicionais, pelo uso de tecnologia, diálogo e produção de conhecimento a partir da troca com o professor ou alunos. No entanto, ressaltam que é nos ambientes virtuais que a interatividade é mais facilmente percebida e vivenciada com o uso de diferentes ferramentas e como forma de expressão livre nas postagens realizadas, socializando a aprendizagem e formando redes de relacionamento. Apesar dessa impressão, é importante considerar que tecnologias não garantem, mas podem ser tornar um elemento modificador das práticas, deste que embasado por concepções que permitam a interatividade e a reconstrução de sentidos e significados, caso contrário, o ambiente servirá apenas para a reprodução do ensino tradicional. Para os professores, a interatividade é um fator importante para a construção das aulas ao permitir o diálogo e a produção conjunta de conhecimento. As respostas ao questionário apontam indício da inversão de papéis dos atores, com o professor como mediador da aprendizagem e o foco desta voltado para o aluno. De acordo com isso, Almeida (2009) considera que atuar neste contexto, significa, para o professor, renunciar ao poder centralizado sobre o conhecimento para interagir, compartilhar experiências e cogestar a formação. Masetto (2003) destaca que, ainda que o professor mantenha o papel de especialista e possuidor do conhecimento, assume, agora, o papel de orientador das atividades; alguém que colabora para dinamizar a aprendizagem e trabalha em equipe, buscando os mesmos objetivos dos alunos. Consequentemente, ao mediar o conhecimento apoiando-se nas tecnologias da informação e comunicação, a atuação do professor torna-se auxiliar os alunos na 5

6 realização das atividades, permitir que este exprima suas ideias e convicções, reconhecendo-o e considerando-o como par no processo de aprendizagem. Nessa situação há a quebra da verticalidade do conhecimento e poder para o estabelecimento da atuação compartilhada. 5. CONCLUSÕES Refletindo a mudança conceitual sobre a aprendizagem, baseada na perspectiva situada, que emerge na sociedade da comunicação, o papel do professor como mediador do processo de formação, na construção de salas de aula interativas, deve considerar a complexidade das relações pedagógicas e a integração entre alunos, professores, recursos e conteúdo; demonstrando coerência entre a concepção de ensino, ambientes de aprendizagem, presenciais e virtuais, ferramentas tecnológicas e múltiplas dimensões do indivíduo que se constitui a partir das experiências individuais e compartilhadas. Assim, a mediação deve usufruir das possibilidades e flexibilidade dos ambientes projetados para garantir a atividade conjunta e socialização da aprendizagem, como forma de aumentar o diálogo e diminuir, o que Moore (1996) chamou de distância transacional ou distância que existe nas relações educacionais. Nesse sentido, à medida que a mediação se torna efetiva há o estabelecimento da interatividade e os alunos passam a gerenciar e controlar sua própria atividade de aprendizagem. Dessa forma, revisitar as práticas e filosofias presentes na escola, apropriar-se das tecnologias disponíveis, entender a interatividade como troca intencional, planejada, multidirecional e compartilhada de informações são fatores fundamentais para horizontalizar as relações e, em um ambiente de confiança e afeto, permitir a diversidade e a expressão da subjetividade, rompendo com os paradigmas da educação tradicional, aproximar interesses e perspectivas para orientar a construção do conhecimento de forma digital, colaborativa e interativa levando à formação integral, autônoma e ativa dos alunos para lidar com um mundo em constante transformação e carregado de incertezas. 6

7 REFERÊNCIAS ALMEIDA, M.E.B. As teorias principais da andragogia e heutagogia. In: LITTO, F.M.; FORMIGA, M.M.M. (Orgs.). Educação a Distância: o estado da arte. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2009, p COLL, C. Constructivismo y educacción: la concepción constructivista de a enseñanza y el aprendizaje. In: COLL, C; PALACIOS, J,; MARCHESI, A. (Orgs). Desarollo psicológico de la educación. v. 2, Madrid: Alianza, 2001, p MASETTO, M.T.Mediação Pedagógica e o uso da tecnologia. In: MORAN, J.M.; MASETTO, M.T.; BEHRENS, M.A. Novas tecnologias e mediação pedagógica. Campinas: Papirus, 2003, p MAURI, T; ONRUBIA, J. O professor em ambientes virtuais: Perfil, condições e competências. In: COLL, C.; MONEREO, C. et al. Psicologia da Educação Virtual: aprender e ensinar com as tecnologias da informação e da comunicação. Porto Alegre: Artmed, 2010, p MOORE, M.G. Recent Contribuctions to the Theory of Distance Education. In: Open Learning, 1996, p MORAN, J.M. Ensino e aprendizagem inovadores com tecnologias audiovisuais e telemáticas. In: MORAN, J.M.; MASETTO, M.T.; BEHRENS, M.A. Novas tecnologias e mediação pedagógica. Campinas: Papirus, 2003, p SILVA, M. Sala de aula interativa. Rio de Janeiro: Quartet,