PRÁTICA SOCIAL EMPREENDEDORA DOS ACADÊMICOS DE ENFERMAGEM EM PROJETOS COMUNITÁRIOS 1
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- Airton Gabeira de Abreu
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1 PRÁTICA SOCIAL EMPREENDEDORA DOS ACADÊMICOS DE ENFERMAGEM EM PROJETOS COMUNITÁRIOS 1 MORAES, Cristiane Tolio 2 ; PIRES, Elizane Gomes 3 ; CASSOLA, Talita 4 ; BACKES, Dirce Stein 5 RESUMO Objetivou-se, com este estudo, conhecer o significado da prática social empreendedora de acadêmicos de enfermagem em projetos desenvolvidos na comunidade, na perspectiva de famílias envolvidas no processo. Trata-se de uma pesquisa exploratório-descritiva, de caráter qualitativo, realizada com 15 famílias contempladas por projetos sociais, moradoras de uma comunidade socialmente vulnerável da região central do Rio Grande do Sul. Os dados foram coletados por meio de entrevistas com questões norteadoras, e, a seguir, analisados com base na técnica de análise de conteúdo. Resultaram, desse processo, três categorias: Aproximando realidades, Compartilhando e dialogando saberes e Deixando marcas nas famílias. Conclui-se que o significado da prática social empreendedora desenvolvida pelos acadêmicos de enfermagem possibilitou o repensar de atitudes e comportamentos, tanto no ambiente familiar, quanto na postura dos acadêmicos. Palavras-Chave: Pesquisa em enfermagem; Promoção da saúde; Vínculo; Enfermagem em saúde comunitária. INTRODUÇÃO 1 Trabalho de Pesquisa. Centro Universitário Franciscano (UNIFRA). 2 Acadêmica do curso de graduação em Enfermagem do Centro Universitário Franciscano- UNIFRA, Santa Maria, RS. Bolsista PROBIC/UNIFRA. Integrante do GEPESES. E- mail:krystmoraes@gmail.com 3 Acadêmica do curso de graduação em Enfermagem do Centro Universitário Franciscano- UNIFRA, Santa Maria, RS. Bolsista PROBIC/FAPERGS. Integrante do GEPESES. 4 Acadêmica do curso de graduação em Enfermagem do Centro Universitário Franciscano- UNIFRA, Santa Maria, RS. Bolsista MONITORIA/UNIFRA. Integrante do GEPESES. 5 Drª docente do curso de graduação em Enfermagem. Líder do GEPESES. 1
2 As Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Enfermagem preconizam a formação de um Enfermeiro autônomo, crítico e reflexivo 1, com capacidade de aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver junto e aprender a ser 2. A partir desse entendimento, destaca-se que, no curso de Graduação em Enfermagem do Centro Universitário Franciscano, (UNIFRA), oportuniza-se a participação de graduandos em enfermagem nos grupos de pesquisa. Atuando nesse cenário, de forma estratégica, o Grupo de Estudos e Pesquisa em Empreendedorismo Social da Enfermagem e Saúde (GEPESES), que tem por objetivo possibilitar vivências e experiências aos graduandos, as quais manifestam inquietações e expectativas diante da realidade complexa, favorecendo o despertar da curiosidade e criatividade, estimulando o senso crítico e permitindo compreender melhor essa realidade. Sendo assim, questiona-se: qual o significado da prática social empreendedora de acadêmicos de enfermagem em projetos desenvolvidos na comunidade, na perspectiva de famílias envolvidas no processo? A partir do exposto, objetivou-se com este estudo conhecer o significado da prática social empreendedora de acadêmicos de enfermagem em projetos desenvolvidos na comunidade, na perspectiva de famílias envolvidas no processo. METODOLOGIA Trata-se de um estudo exploratório-descritivo, de caráter qualitativo, os dados foram coletados por meio de entrevistas, com 15 famílias contempladas por projetos sociais, selecionadas a partir de sorteio dos prontuários arquivados na unidade local de saúde. As famílias eram moradoras de uma comunidade socialmente vulnerável, de um município da região central do Rio Grande do Sul. A pesquisa se realizou no período de julho a dezembro de 2011, foram conduzidas a partir das questões norteadoras, gravadas e, na sequência, transcritas pelos pesquisadores. A análise de dados, conduzida de forma sistemática, realizou-se de acordo com o método preconizado por Bardin. 2
3 Para manter o sigilo das informações, os participantes da pesquisa serão identificados, ao longo do texto, pela letra F (de família), seguida de um número correspondente à fala.. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UNIFRA, sob o número 333/2008. RESULTADOS Os dados organizados e analisados resultaram em três categorias, quais sejam: Aproximando realidades, Compartilhando e dialogando saberes, e Deixando marcas nas famílias. Aproximando realidades Os dados evidenciam a necessidade de o acadêmico de enfermagem conhecer e vivenciar novas realidades. Nas falas a seguir, nota-se que a aproximação com as diferentes realidades ocorreu de forma flexível de ambos os lados, a aceitação das diferenças do outro tornou a experiência proveitosa para ambos os sujeitos, como se refere a seguir:...atitude muito bonita delas, né, umas pessoa muito boa, não têm preconceito com as pessoas pobre, né e vêm visitar... (F-6) No decorrer das entrevistas, foi considerada também a ideia de tal oportunidade, proporcionada pela referida universidade, tornar-se exemplo para outras instituições as quais tenham não somente o curso de graduação em enfermagem, mas todos os cursos voltados à área da saúde, conforme relatado a seguir: Que outras universidades também tivessem esse elo de ligação entre o ser humano e o profissional... (F-5) Emerge também nas falas acima, a importância da ligação entre o ser humano e o profissional, referida pelos entrevistados, porque muitas vezes a prática e a técnica tornam o profissional mecanizado, sem flexibilidade de acesso para com seus usuário. 3
4 Compartilhando e dialogando saberes Acredita-se, pela fala dos entrevistados, que o conhecimento não se faz apenas de um sujeito para outro, mas que há uma reciprocidade, onde o conhecimento é feito entre pessoas que dividem, discutem e refletem sobre seus saberes, repassando-os conforme suas experiências:...sabe, assim a gente conversava de tudo, sobre vários assuntos assim, sabe... eles perguntavam da minha família, a gente conversava tudo assim... (F-2) De acordo com os entrevistados, a passagem de conhecimento, por mais básico que seja, é de grande valia, principalmente pelo fato de importar-se com o outro e pelo outro : Aprender a dar banho, aprender a trocar fralda daquelas crianças pelas mãos dos alunos, na verdade formaram uma grande família, né, instituição e a família, a família e a instituição... Ficou aquele elo de ligação que os anos nunca vão apagar. (F-5) Em relação à forma como o vínculo acadêmico-família se formou e foi concretizado, observaram-se, a força e relevância do diálogo, do saber ouvir e do saber compreender a realidade do outro. Em geral, nas entrevistas, as famílias relataram a importância da conversa na formação do elo de ligação:...a gente dialoga com elas, conversa com elas...bom, eu consegui me abrir tanto com elas, peguei um carinho com aquelas menina, sabe, a minha franqueza, eu me abri com elas... (F-3) Algumas famílias argumentaram que, depois de criado o elo de ligação, é difícil desfazê-lo, de forma que tais alunos passam a fazer parte da família também. Era bom... era... a gente gosta demais delas... porque eu gosto muito deles, amo eles. (F-1)...mas eu tinha um carinho por aquelas meninas, coisa mais incrível a ligação que tinha com elas... (F-3) Em determinadas entrevistas, observou-se o sentimento de carinho pelos acadêmicos expressado em lágrimas pelas famílias, que deixam claro que o elo, o vínculo formado, não será desfeito ou esquecido. 4
5 Deixando marcas na família A categoria demonstra o interesse, apoio e compreensão do aluno para com a família, atitude que acaba por deixar marcas nessas famílias. O fator importar-se com o outro também emergiu nas entrevistas, como observamos nos próximos relatos:...até agora gosto, mas eles não vêm mais, eu sinto falta deles... Nós choramos... a gente sente falta deles demais. Queria que elas voltassem. (F-1) Estas demonstraram sentimentos de gratidão e satisfação pela oportunidade que obtiveram, tendo como sugestão principal que tal ação de acompanhamento das famílias atinja outras casas, outras famílias e até mesmo outras comunidades: Olha, que eles sejam muito felizes, muito obrigado pelo que fizeram pela gente. (F-4) Na totalidade das entrevistas, observou-se, na expressão verbal e não verbal dos entrevistados, que estes relataram a alegria de terem sido escolhidos para serem acompanhados pelos acadêmicos. CONSIDERAÇÕES FINAIS Conclui-se, em suma, que o significado da prática social empreendedora desenvolvida pelos acadêmicos de enfermagem possibilitou o repensar de atitudes e comportamentos, tanto no ambiente familiar, quanto na postura dos acadêmicos. A aproximação com a realidade e o compartilhamento de conhecimentos deixaram marcas evidenciando que é possível formar o vínculo profissional-usuário e promover a saúde a partir do diálogo de saberes. REFERENCIAS 1. Brasil. Resolução nº 03, de 07 de novembro de Institui Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Enfermagem. Conselho Nacional de Educação. Brasília, DF, Diário Oficial da União, 07 nov Delors, J. Educação: um tesouro a descobrir. 5.ed. São Paulo: Cortez,
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