LEGALE - PÓS GRADUAÇÃO DIREITO ACIDENTÁRIO

Transcrição

1 LEGALE - PÓS GRADUAÇÃO DIREITO ACIDENTÁRIO Responsabilidade Objetiva e Subjetiva / Prescrição Professor: Rogério Martir Doutorando em Ciências Jurídicas e Sociais, Advogado militante e especializado em Direito Empresarial e Direito do Trabalho, Professor Universitário, Pós Graduação e de Cursos Preparatórios Para Carreiras Jurídicas, Sócio da Martir Advogados Associados - Consultoria Jurídica Empresarial e para o Terceiro Setor, Consultor da Revista Filantropia e Autor de Diversas Obras Jurídicas pela Editora Saraiva. 1

2 RESPONSABILIDADE SUBJETIVA

3 Responsabilidade Subjetiva A responsabilidade subjetiva é aquela que depende da existência de dolo ou culpa por parte do agente causador do dano. Você lembra qual é a diferença entre dolo e culpa? Dolo: intenção de lesar com a prática do ato (proposito) Culpa: Ato praticado por negligencia, imprudência ou imperícia 3

4 Responsabilidade Subjetiva Desta forma, a obrigação de indenizar e o direito de ser indenizado surgem apenas se comprovado o dolo ou a culpa do agente causador do dano. Para ser indenizada, a vítima deverá comprovar a existência destes elementos, o dolo ou a culpa, caso contrário não receberá nenhum tipo de indenização. 4

5 RESPONSABILIDADE OBJETIVA

6 Responsabilidade Objetiva Já a responsabilidade objetiva não depende da comprovação do dolo ou da culpa do agente causador do dano, apenas do nexo de causalidade entre a sua conduta e o dano causado à vítima. Ou seja, mesmo que o agente causador não tenha agido com dolo ou culpa, deverá indenizar a vítima. O Código Civil define com clareza a aplicação de uma ou outra responsabilidade sendo a subjetiva a regra e a objetiva uma exceção a esta: 6

7 REGRA (Subjetiva): Responsabilidade Objetiva Art Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. Art Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes. 7

8 Responsabilidade Objetiva EXCEÇÃO (Objetiva) Art. 927 Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem. (destacamos). 8

9 Responsabilidade Objetiva ACIDENTE DO TRABALHO (Objetiva) Analisando o art. 927 Parágrafo único do CC temos que no Caso de acidente do trabalho a responsabilidade é Objetiva:... ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem. Resta entender agora o que é o nexo causal!! 9

10 NEXO CAUSAL

11 Nexo Causal Trata-se do elo de ligação entre o dano (material, moral, doença, sequelas...) e o fato ocorrido!! Assim como em diversos outros aspectos trabalhistas, a questão fica para ser solucionada pelo entendimento jurisprudencial, onde os magistrados, diante de cada caso concreto, tomam as decisões mediante as provas apresentadas no processo. 11

12 Nexo Causal Ora pode-se comprovar que houve culpa do empregado no acidente de trabalho pela falta de cuidado ao manusear o equipamento ou executar a tarefa, mesmo com todas as orientações e treinamentos necessários, ora pode-se comprovar que houve culpa do empregador que, por não observar as normas de segurança ou por obrigar o empregado a laborar frequentemente em horas extras causando-lhe desgaste físico e mental, proporcionou o acidente. 12

13 Nexo Causal Assim, o acidente do trabalho, por si só, é insuficiente para gerar a obrigação indenizatória por parte do empregador, pois, somente se verificará a obrigação de ressarcir os danos quando na investigação da causa, ficar comprovado que o dano é consequência direta e imediata (nexo de causalidade) de uma atuação dolosa ou culposa do empregador. 13

14 PRESCRIÇÃO

15 Prescrição Apontamentos iniciais: A prescrição é um fato jurídico, que tem por objeto as ações, já que é uma exceção ao exercício deste direito, embora exista controvérsia doutrinária a este respeito. Parte da doutrina entende que a prescrição alcança o próprio direito material, mas a maioria esmagadora não entende assim, sustentando que a prescrição alcança apenas o direito de ação em defesa o direito material em debate.

16 Prescrição A prescrição é instituto de interesse social, na medida que o direito tem como finalidade a paz social, e a certeza das relações jurídicas, não sendo interessante se manter indefinidamente as relações jurídicas do passado. A prescrição traz ainda a importante Segurança Jurídica.

17 Prescrição Se não houvesse a prescrição, qualquer pessoa que participasse de uma relação jurídica deveria manterse em constante vigilância, mantendo documentos sob sua guarda, etc... A incerteza também adviria da longínqua prova que pereceria, e da própria falta de memória de como ocorreram os fatos naquelas circunstâncias.

18 Prescrição Segundo Camara Leal, prescrição é a extinção de uma ação ajuizável, em virtude da inércia de seu titular durante um certo lapso de tempo, na ausência de causas preclusivas de seu curso.

19 Requisitos para a Prescrição REQUISITOS PARA A PRESCRIÇÃO

20 Requisitos para a Prescrição Uma ação exercitável: isto porque a ação é o objeto da prescrição. Não havendo ação, não há que se falar em prescrição; Inércia do seu titular: é a causa eficiente da prescrição. Continuidade da inércia por certo lapso de tempo (prazo): é o fator operante da prescrição. O que o ordenamento jurídico quer afastar é a inércia prolongada e não a passageira. Inexistência de fato ou ato que impeça, interrompa ou suspenda o curso do prazo prescricional.

21 Interrupção da Prescrição INTERRUPÇÃO DA PRESCRIÇÃO

22 Interrupção da Prescrição Ocorre a interrupção da prescrição através de fatos que inutilizam a prescrição iniciada, não permitem o curso desta enquanto perdurarem e fazem com que o prazo se reinicie do zero quando cessarem seus efeitos. Dentro do Direito Processual do Trabalho temos a interrupção nos seguintes casos: Cessação da violação do direito; - Propositura da Reclamação Trabalhista (Súmula 268); - Notificação Judicial (OJ-SDI1-392)

23 Prescrição. Interrupção. Súmula SÚMULA Nº 268, TST: PRESCRIÇÃO. INTERRUPÇÃO. AÇÃO TRABALHISTA ARQUIVADA (nova redação) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e A ação trabalhista, ainda que arquivada, interrompe a prescrição somente em relação aos pedidos idênticos.

24 OJ-SDI PRESCRIÇÃO. INTERRUPÇÃO. AJUIZAMENTO DE PROTESTO JUDICIAL. MARCO INICIAL. (DEJT divulgado em 09, 10 e ) O protesto judicial é medida aplicável no processo do trabalho, por força do art. 769 da CLT, sendo que o seu ajuizamento, por si só, interrompe o prazo prescricional, em razão da inaplicabilidade do 2º do art. 219 do CPC, que impõe ao autor da ação o ônus de promover a citação do réu, por ser ele incompatível com o disposto no art. 841 da CLT. 24

25 TRT2 - RO EM CAUTELAR RELATOR(A): SILVIA ALMEIDA PRADO PROCESSO Nº: DATA DE PUBLICAÇÃO: 26/04/2010 PROTESTO JUDICIAL. INTERRUPÇÃO DA PRESCRIÇÃO. Demonstrando o autor a necessidade na propositura de uma ação futura, há interesse no ajuizamento do protesto judicial, para interrupção da prescrição, não havendo necessidade de se provar o motivo do impedimento para a distribuição da demanda no prazo legal. 25

26 Causas impeditivas da prescrição CAUSAS IMPEDITIVAS DA PRESCRIÇÃO

27 Causas impeditivas da prescrição. São circunstâncias que impedem o início do curso do prazo prescricional. Tem fundamento em circunstâncias ligadas ao Estado da pessoa, à sua condição familiar ou à razões de confiança, amizade e motivos de ordem moral. Algumas causas impeditivas da prescrição: Contra o absolutamente incapaz; Entre cônjuges; Entre ascendente e descendente, na vigência do pátrio poder; Entre tutor e tutelado, curador e curatelado;

28 Suspensão da Prescrição SUSPENSÃO DA PRESCRIÇÃO

29 Suspensão da Prescrição São circunstâncias que paralisam, temporariamente, o curso do prazo prescricional. Superado o fato suspensivo, a contagem do prazo recomeça, aproveitando-se a contagem anterior. Tem como fundamento circunstâncias especiais e objetivas vivenciadas pelo titular do direito.

30 Suspensão da Prescrição. Algumas causas suspensivas da prescrição: Estar ausente do Brasil, no exterior, a serviço União, Estado ou Município; Servindo a armada nos tempos de guerra; Em regra, a prescrição iniciada contra uma pessoa continua a contar contra seu herdeiro. Entretanto, se o herdeiro for absolutamente incapaz (menor), esta suspenso o prazo. Dar entrada com procedimento administrativo na Comissão Conciliação Prévia (CCP)

31 Aspectos Gerais ASPECTOS GERAIS

32 Aspectos Gerais Sendo, portanto, a prescrição, instituto de interesse público, podemos dizer que: As partes não podem declarar imprescritíveis quaisquer direitos; Os prazos prescricionais não podem ser aumentados pelas partes; Antes de consumada, a parte não pode renunciar à prescrição. Ainda assim, somente poderá fazê-lo se não houver prejuízo a terceiros.

33 Momento para se alegar a prescrição MOMENTO PARA SE ALEGAR A PRESCRIÇÃO

34 Momento para se alegar prescrição A prescrição poderá ser alegada em qualquer instância ou fase do processo. Não pode, entretanto, ser alegada nos chamados recursos extraordinários (recurso de revista, recurso especial e recurso extraordinário) porque é matéria de fato. Não pode igualmente ser alegada em execução, exceto se superveniente à sentença transitada em julgado. Não alegando ocorre a renúncia tácita.

35 Prescrição Intercorrente PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE

36 Prescrição intercorrente no processo do trabalho. CLT: Art. 884, 1º - A matéria de defesa será restrita às alegações de cumprimento da decisão ou do acordo, quitação ou prescrição da divida. STF: SÚMULA Nº 327: O DIREITO TRABALHISTA ADMITE A PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE. TST: SÚMULA Nº 114 PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e É inaplicável na Justiça do Trabalho a prescrição intercorrente.

37 Prazo Prescricional PRAZO PRESCRICIONAL

38 Prescrição. Prazos. Regras Gerais A contagem dos prazos se faz pelas regras do prazo processual, ou seja, despreza-se o dia do fato e inclui-se o último. O início da contagem se dá com a actio nata, ou seja, a partir do momento em que nasceu o direito de ação.

39 Prescrição. Prazos. No direito do trabalho, os prazos prescricionais estão previstos no art. 7º, inciso XXIX da Constituição Federal. Prescrevem em 5 anos os direitos do contrato de trabalho em exercendo-se o direito de ação no prazo de 02 anos. São cumulativos e não independentes, ou seja, os dois prazos correm simultaneamente de sorte que se a ação for proposta quando passados 1 ano, 11 meses e 29 dias da rescisão, somente poderá postular por direitos de 03 anos e um dia anteriores à propositura da ação.

40 Prescrição. Prazos. O prazo prescricional se aumentado pela Constituição Federal não retroage para alcançar direitos já prescritos sob a égide do art. 11 consolidado (Súmula 308 do C. TST). Não prescreve a ação reclamar de ausência de anotação na CTPS flui da extinção do contrato de trabalho (Art. 11, 1º, CLT), para fins de prova junto a previdência social; Prazo para soma dos contratos de trabalho se inicia quando do término do último (Súmula 156 do C. TST).

41 Prescrição Acidente de Trabalho PRESCRIÇÃO ACIDENTE DE TRABALHO

42 Prescrição. Prazos. Indenização por acidente de trabalho. Art. 7º - (...) XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do contrato de trabalho. A Constituição Federal não fala em créditos trabalhistas e, sim, em créditos resultantes da relação de trabalho. Todo acidente de trabalho decorre de uma relação de trabalho.

43 Prescrição na Suspensão do Contrato de Trabalho PRESCRIÇÃO NA SUSPENSÃO DO CONTRATO DE TRABALHO

44 Prescrição. Suspensão do contrato como causa de suspensão da contagem. É cediço que após o 15º dia de afastamento por acidente de trabalho e/ou doença profissional o contrato de trabalho está suspenso. É igualmente incontroverso que mesmo após a concessão de aposentadoria por invalidez o contrato de trabalho fica suspenso. (Art. 475, CLT). Corre prescrição enquanto o contrato de trabalho está suspenso? Não Art. 199, I do Código Civil. Não há actio nata posto que não há como se estabelecer a existência do dano, a sua extensão e permanência.

45 Prescrição Total ou Parcial PRESCRIÇÃO TOTAL E PARCIAL

46 3.5. Alterações objetivas do contrato de trabalho - Prescrição PRESCRIÇÃO. ALTERAÇÃO CONTRATUAL. Nº 294 Prescrição. Alteração contratual. Trabalhador urbano - Cancela as Súmulas nºs 168 (RA 102/1982, DJ e DJ ) e 198 (Res. 4/1985, DJ ) Tratando-se de ação que envolva pedido de prestações sucessivas decorrente de alteração do pactuado, a prescrição é total, exceto quando o direito à parcela esteja também assegurado por preceito de lei. Res. 4/1989, DJ ) PRAZO BIENAL X QÜINQÜENAL 46

47 Decadência DECADÊNCIA

48 Decadência. Decadência é a extinção do direito material pela inação de seu titular que deixa escoar o prazo legal ou voluntariamente fixado para seu exercício. Pode ser declarada pelo Juízo ex officio e em qualquer grau de jurisdição. Sendo de ordem pública é irrenunciável. O prazo decadencial não se interrompe ou suspende e corre contra todos, inclusive contra aqueles que a prescrição não corre. O prazo decadencial só é impedido pelo efetivo uso da ação, antes de seu termo.

49 Decadência. No Processo do Trabalho os prazos decadenciais mais importantes são: Inquérito Judicial para apuração da falta grave: 30 dias da suspensão; Mandado de Segurança: 120 dias da ciência do ato atacado Lei 2.016/09; Ação rescisória: 02 anos contados do trânsito em julgado da última decisão proferida nos autos, seja ela de mérito ou não.